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A Princesa Amada dos Piratas

Tradutora: Manteiga
Revisor: Daniel

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‘uau…’

o interior da casa de leilões, comparado a outros lugares, não tinha decorações chamativas. no entanto, parecia mais grandioso e formal do que o exterior. apesar de ser um local para leilões ilegais lidando com bens roubados e itens perigosos, tinha a elegância de um lugar onde a arte nobre era apreciada.

‘esses dois não estão nervosos nem um pouco?’

diferente de mim, que me sentia deslocada, nereus e clara pareciam completamente à vontade. tanto que nereus até bebia o licor mais caro, reservado exclusivamente para clientes vip.

“hmm, nada mal.”

nereus comentou despreocupadamente após tomar um gole. seu rosto, no entanto, traía sua satisfação, e seu sorriso denunciava o quanto ele realmente estava satisfeito.

clara se inclinou em nossa direção e sussurrou suavemente.

“eu consegui todas as informações. chama-se ‘angel’.”

“sério? como esperado, você é perfeita para lidar com aqueles nobres desprezíveis.”

nereus riu, enchendo um copo de licor até a borda e entregando para clara.

‘angel?’

era um termo familiar. não, não era apenas familiar — eu havia estudado diretamente quando fazia parte da associação médica wittar.

o vício em angel causava sintomas únicos de abstinência. o método para tratar os viciados foi descoberto posteriormente por wittar, e seu local de origem era…

“muito bem, todos! agora começaremos o tão esperado leilão!”

naquele momento, a voz do leiloeiro ecoou alto pelo salão. ele prendeu um megafone mágico em um suporte e começou seu discurso elaborado, cheio de retórica floreada.

a ideia era simples. ele se gabava de como as pessoas presentes eram especiais, da história prestigiosa do leilão e assim por diante.

sentar em uma cadeira grande demais para o meu tamanho pequeno era desconfortável, para dizer o mínimo. continuei me remexendo, esperando que o leilão começasse logo.

“agora, embora não possamos divulgar os detalhes dos itens que serão leiloados hoje, darei algumas dicas para manter a empolgação viva!”

ao meu lado, nereus assobiou.

‘o que é isso?’

não era apenas uma reação ao clima da casa de leilões. algo parecia… errado.

“aquele que dizem produzir a voz de um anjo, uma joia que contém todas as estrelas do mundo e…”

‘tem algo acontecendo?’

“…e, por fim, um colar que carrega a maior tragédia.”

às palavras finais do leiloeiro, a sala explodiu em murmúrios. era porque reconheceram como sendo o colar de aracely laos. só então entendi as reações peculiares dos funcionários do leilão quando o colar foi apresentado pela primeira vez.

‘ah, então aquele era o colar da princesa?’

não é à toa que estavam tão desesperados para colocarem as mãos nele. tudo fazia sentido agora.

“isso significa…”

“se estão se gabando tanto, deve ser o verdadeiro.”

não que eu não reconhecesse como um grande item, mas, diferente dos que estavam ao meu redor, não reagi com surpresa aberta. no entanto, aqueles que normalmente mantinham a compostura não conseguiam esconder sua empolgação. alguns já estavam remexendo nos números de seus lances.

‘mais importante, por que nereus está sorrindo de um jeito tão inquietante desde antes?’

“agora, para o primeiro item…”

o brilho suave do lustre iluminava o salão, conferindo-lhe um ar gracioso, quase sagrado. mas logo, a sala se encheu de caos.

o primeiro item foi tranquilo. mas quando o segundo item foi revelado…

“……….?!”

“o-o que… o que é isso?!”

a joia conhecida como safira étoile, dita conter todas as estrelas do mundo, havia desaparecido completamente de seu expositor.

‘o-o que está acontecendo?’

este tipo de casa de leilões deveria ter uma segurança rígida. especialmente por ser um leilão ilegal que lida com piratas, a segurança deveria ser ainda mais reforçada.

meu pânico inicial se dissipou rapidamente, como neve derretendo.

“ugh- saúde~?”

“saúde~♥”

eu lancei um olhar para o lado e vi nereus e clara brindando levemente suas taças.

era 100% culpa desses dois.

nereus riu ao observar o crescente tumulto na casa de leilões e, então, levantou-se de seu assento.

“vamos, pirralha.”

“de volta para o navio?”

“não.”

“então, para onde vamos?”

mais uma vez, ele exibiu um sorriso que parecia mais vilanesco do que o de qualquer outra pessoa.

“vamos cobrar pagamentos.”

—

o ambiente dentro da casa de leilões estava muito mais sombrio do que o salão externo onde os convidados estavam.

começando pela safira étoile, um número significativo de itens havia sido roubado. e, claro, apenas aqueles cuja autenticidade já havia sido confirmada haviam desaparecido.

o gerente, agora mais pálido que um fantasma, murmurava para si mesmo.

“m-morrer pode ser m-melhor…”

se falhasse em resolver essa situação, enfrentaria um destino pior que a morte. não apenas teria que lidar com as ferozes reclamações dos piratas que forneciam os bens e dos clientes que participavam do leilão, mas também com a ira do proprietário que controlava todos os leilões a bordo dos navios. mesmo que de alguma forma conseguisse escapar dos piratas e clientes, sem dúvida seria caçado e executado.

nesse momento, uma batida ecoou na porta do escritório do gerente. furioso, ele gritou.

“c-cala a boca! suma daqui! eu disse para não deixar ninguém entrar…!”

“ora, ora, um cavalheiro não deveria levantar a voz assim~”

uma voz baixa e tranquila, que lembrava a de um predador, cortou o rugido irritado do gerente. o tom relaxado e sorridente do homem fez um arrepio percorrer sua espinha.

‘e-ele…’

“então? o que pretende fazer sobre o dinheiro desaparecido, hein?”

o homem tinha cabelos verde-azulados escuros e pele morena. em meio aos tons mais escuros, seus olhos, um vermelho e outro branco, cintilavam como brasas.

para as mulheres, ele certamente seria considerado um homem atraente. mas, infelizmente para ele, o gerente não era uma mulher, nem alguém com o luxo de admirar a aparência de outro homem. mais importante ainda, este não era o momento para avaliar a beleza de ninguém.

“d-dinheiro desaparecido?! e mais importante, como você entrou aqui?!”

“hã? não tinha ninguém por perto.”

nereus coçou o queixo preguiçosamente diante do gerente aterrorizado, sorrindo de maneira travessa.

“irmão, agora não é hora de ficar tremendo de medo. não acha estranho eu ter conseguido entrar tão facilmente?”

“…….…!”

“está todo mundo em completo caos lá fora. sabe o trabalho que deu para impedir aquelas pessoas de colocarem fogo nesse navio?”

às palavras de nereus, o rosto do gerente ficou pálido de medo.

“primeiro, por que não se senta? você está um caco.”

“…ahem.”

mesmo nessa situação, o gerente, tentando manter a dignidade, ele tossiu e se sentou na cadeira que nereus apontou. isso porque percebeu que ainda podia haver espaço para negociação no tom dele.

“olhando para a situação, tá bem claro que as coisas saíram dos trilhos.”

“sim… não tenho desculpa para essa bagunça, senhor.”

“ei, não é sua culpa. os verdadeiros canalhas são os que roubaram os bens. já encontrou alguma pista sobre esses ladrõezinhos?”

“bem…”

não havia como terem encontrado. o gerente sentiu a garganta secar de ansiedade. desde o início, os itens do leilão haviam sido armazenados no cofre subterrâneo mais profundo do navio, um espaço projetado para ser o mais seguro possível.

aquele cofre tinha um total de sete fechaduras. se qualquer etapa do procedimento de abertura fosse feita incorretamente, um dispositivo mágico seria ativado, acionando um alarme ensurdecedor e trancando o invasor lá dentro. em outras palavras, era um lugar inacessível para qualquer pessoa comum.

para que algo fosse roubado dali com tanta facilidade… só podia significar que o culpado era ou um funcionário ou um cliente antigo que já havia estabelecido conexões com a equipe.

‘ou talvez um daqueles canalhas que sempre nos entregam mercadorias roubadas.’

a mente do gerente foi inundada com os rostos de vários piratas. não seria surpresa se fosse um deles. mesmo estando em uma posição subordinada, nunca se davam ao trabalho de esconder suas atitudes arrogantes.

havia apenas algumas pessoas que tinham conhecimento suficiente sobre a estrutura interna da casa de leilões. mesmo assim, estavam revistando todos os funcionários na esperança de encontrar alguma pista.

“hmm, quer que eu te ajude?”

“a-ajudar? o que quer dizer?”

“bem, veja bem, eu tenho duas filhas. você sabe disso, certo?”

“s-sim, claro. elas são tão belas quanto você, senhor.”

“é, é. enfim.”

nereus acenou com as mãos como se sinalizasse que não queria mais ouvir falar de suas filhas.

“elas são meus tesouros, então as criei com muito carinho. fiz questão de que nunca se envolvessem em coisas como essa. entende o que estou dizendo, certo?”

‘nunca se envolver em coisas como essa’ podia ser interpretado como nereus já tendo passado por muitas situações desse tipo antes.

nereus colocou casualmente um grande saco sobre a mesa com um baque pesado.

“i-isso é…?”

“dinheiro. também tive prejuízos, então não posso te adiantar nada pelo colar. mas vou te dar o dinheiro que trouxe para participar do leilão.”

a quantia dentro do saco era tão absurda que não podia ser ignorada. embora não estivesse em moeda padrão—o que significava que haveria algumas taxas para convertê-la—era muito melhor do que nada.

“agora você entende o que tem que fazer, não entende?”

ao sussurro sutil de nereus, o gerente engoliu seco.

—

“wahaha—!!”

“………”

o único rindo escandalosamente ao meu lado era, claro, nereus.

mas havia uma diferença crucial desta vez—além de nereus, um grande número de membros da tripulação também gargalhava com sorrisos escancarados.

‘bom, acho que qualquer um riria assim depois de lucrar tanto.’

era natural. afinal, os ladrões que roubaram os bens não eram outros senão a tripulação dos piratas caelum.

‘por que essas pessoas são tão ridiculamente competentes?’

acontece que, antes do leilão, clara e nereus estiveram ocupados, atraindo a atenção de muitos curiosos como uma dupla. clara no salão comum e nereus na casa de jogos.

com sua esperteza, clara coletou informações de muitos nobres e criados. ela até descobriu o horário das patrulhas dos funcionários e usou esse conhecimento para chamar os membros dos piratas caelum, que aguardavam do lado de fora. com uma coordenação precisa, as mercadorias foram transferidas diretamente para as mãos de caelum.

eles ainda foram seletivos, levando apenas os itens genuínos, maximizando os lucros com o mínimo de esforço.

‘eu nunca soube que gerard tinha esse talento.’

gerard conseguia abrir qualquer fechadura e tinha um olhar afiado para avaliar tesouros. antes do meu retorno a essa linha do tempo, eu não sabia disso porque ele havia morrido de uma doença.

“wahaha! esse garoto é uma verdadeira bênção, hein?!”

“viva uma vida longa, longa, tá? fique com caelum para sempre e seja enterrado no mar!”

os outros piratas mais velhos enchiam gerard de beijos indesejados nas bochechas, comemorando ruidosamente.

eu olhei para o colar da princesa laos, que estava nas mãos de nereus. depois de examinar cuidadosamente cada joia do colar, ele, de repente, o colocou em meu pescoço. o peso inesperado me fez cambalear.

“tão pesado.”

“aguente. esse é o peso do ouro.”

nereus soltou uma gargalhada alta. o que diabos havia de tão engraçado?

“lala, já que resolvemos tudo tão facilmente graças a você, essa é a sua parte.”

“graças a mim?”

“é claro, tudo graças à nossa lala.”

sem me dar uma explicação adequada, nereus me pegou no colo e encheu meu rosto de beijos. normalmente, eu sentiria sua barba áspera espetando minha pele, mas como ele havia se barbeado para a infiltração, seu rosto estava liso.

isaac, que estava ao meu lado, resolveu me explicar.

“normalmente, piratas não levam mulheres, muito menos crianças.”

“ah……”

ou seja, por causa da minha presença, eles não suspeitaram que fôssemos piratas quando nos passamos por hóspedes metidos e cheios de si.

nereus reforçou o ponto com mais beijos nas minhas bochechas.

“além disso, nossa lala é um gênio e completamente destemida, sabia? haha, ela é uma negociadora nata. de quem mais essa menina poderia ser para ser tão esperta~?”

“………..”

“certo? filhinha do papai, não é~?”

toda a presença intimidadora que nereus havia demonstrado no leilão sumiu por completo. ele voltou a ser um bobo risonho em questão de segundos.

‘bom, acho que o show dele já tinha começado na casa de jogos.’

“ehehe, será que aqueles idiotas já perceberam que o dinheiro que eu dei para eles foi tudo que ganhei no cassino?”

“como trocamos a moeda, pode demorar um pouco para perceberem.”

no canto da sala, havia uma pilha enorme de dinheiro e ouro em moeda continental compartilhada, tudo que nereus havia ganhado no jogo.

‘que maluco…’

para evitar ser revistado, nereus entregou dinheiro ao gerente. mas esse dinheiro, na verdade, era tudo que ele havia ganhado no cassino.

ou seja, depois que clara deu o sinal, a família reuniu várias moedas de caelum, se infiltrou no leilão e trocou o dinheiro pelas fichas que nereus havia convertido em prêmios.

na prática, fizemos uma troca de moeda estrangeira dentro do leilão sem pagar nenhuma taxa de câmbio.

o tesouro foi um bônus.

Continua…