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A Princesa Amada dos Piratas

Tradutora: Manteiga
Revisor: Daniel

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isaac frequentemente retrucava nereus antes de sair para montar a barraca. à distância, dexter, gerard e clara não estavam montando uma tenda, e sim derrubando uma.

‘rápidos.’

isaac se enfiou entre eles em um piscar de olhos e, num instante, uma grande tenda estava completamente montada. mesmo uma pessoa habilidosa não conseguiria fazer aquilo com tanta destreza. enquanto eu admirava o trabalho dele, nereus, ao meu lado, pigarreou.

“o pai pode fazer melhor.”

“mentiroso.”

“é verdade! hein? você não acredita em mim?”

encarei nereus com um olhar cético, cheio de dúvida, e ele se inflamou.

“o pai até acreditaria se você dissesse que não tem seis anos, mas sim mais de vinte?!”

“sim, é verdade.”

“o quê?! sério?!”

“você acha que é verdade?”

“sua pirralha!”

claro, minhas palavras eram uma mentira, mas ver nereus se exaltando, dizendo que eu o tinha enganado, me fez balançar a cabeça.

“ah, isso não vai dar certo! toma isso!”

de repente, nereus enfiou um relógio de bolso na minha mão e apontou para uma das barracas ainda desmontadas.

“vou montar essa sozinho. só observa.”

“claro, claro.”

“sou mais rápido que aquele isaac, sabia? ele só aproveitou o trabalho dos três que montaram tudo.”

“sim, sim, o pai é o melhor~”

agachada ali perto, bati palmas sem muito entusiasmo. inflamado pela competição, nereus parecia ter pegado fogo de determinação.

‘que divertido.’

com essa atitude infantil, ele não devia sair por aí dizendo que era pai. todo mundo ficaria chocado.

suspiro

farfalhar—!

“hmm?”

naquele momento, ouvi um som vindo da floresta densa atrás da costa.

‘provavelmente não é um animal selvagem.’

javalis não fugiriam daquele jeito, e a presença era menor que a de um cervo, mas maior que a de um coelho.

olhei ao redor rapidamente. todos pareciam ocupados montando o acampamento, carregando bagagens ou preparando as refeições.

‘só um pouquinho~’

não parecia haver problema em me afastar, desde que não fosse muito longe na floresta. então, segui o som silenciosamente. o que encontrei ali foi, no mínimo, inesperado.

“ahhh! por favor, me salve!”

“hã?”

“o que… o que diabos? é só uma criança….”

“quem você está chamando de criança, hein?!”

era só uma criança. não havia outra maneira de descrever. se houvesse algo de notável, seria o fato de que a criança usava roupas ligeiramente gastas.

mas isso não era grande coisa. roupas desse tipo eram comuns entre os camponeses.

‘hmm? não, tem algo estranho.’

a ilha de odlo tinha uma cultura própria de vestuário. como o tecido era escasso naquela ilha, as pessoas não o cortavam em pedaços para fazer roupas. em vez disso, elas costuravam ou amarravam um pedaço inteiro de tecido para usá-lo.

‘por isso o vestido estilo odlo virou tendência.’

claro, esse estilo só se tornou popular depois que a ilha de odlo desmoronou, mas ainda assim.

“você não é daqui, né?”

“w-o que?! com quem você pensa que está falando?!”

“essa roupa sua, não é do estilo odlo.”

o menino tremeu, sem conseguir responder.

‘então, realmente não é?’

“ah, não! eu ganhei de presente.”

“um presente?”

“é, um mercador que às vezes vem aqui me deu de presente durante um comércio… não, espera, por que estou explicando isso pra você?!”

“porque você veio até aqui de propósito. os adultos não te avisaram para não vir aqui?”

“……..”

‘então, realmente disseram para não vir aqui.’

não tinha como os habitantes da ilha não saberem que éramos piratas. mas denunciar piratas só traria mais danos e levaria tempo, então preferiram ficar em silêncio e fingir que não sabiam.

nós, piratas, também não éramos do tipo de sair fazendo incursões sem motivo. enquanto não fosse uma situação como essa, não haveria problema.

à medida que a desconfiança aumentava, fiquei em silêncio até o garoto falar.

o rosto da criança ficou vermelho antes que ela gritasse.

“f-fine! eu só vim aqui porque ouvi dizer que havia crianças da minha idade…!”

bem, a criança tentou gritar isso.

“lala, o que você está fazendo aqui? hein? e quem é essa criança?”

“ahhhhh—!!!”

quando nereus de repente se intrometeu, a criança gritou como se tivesse visto um monstro e disparou para longe como uma flecha.

‘hmm.’

olhei para trás e vi nereus, de pé com a luz por trás dele. até eu tive que admitir que a pressão que ele exalava não era brincadeira.

‘ainda assim, acho que ele não é tão assustador.’

parece que a criança era só um medroso.

“quem era aquele novo amigo seu que fugiu tão rápido?”

“não é meu amigo. só encontrei ele agora.”

“hmm. mas enfim, lala, olha isso.”

nereus me pegou e me levantou no ar, exibindo orgulhosamente uma tenda nova e chamativa.

“o papai montou isso tudo sozinho. não é incrível?”

“uau, isso é demais.”

mesmo respondendo sem muita empolgação, batendo palmas, eu podia sentir o orgulho de nereus irradiando por todo o corpo dele.

“então, quanto tempo você levou? eu fui bem mais rápido que aquele isaac, né?”

“hum… é…”

“hã?”

“desculpa. não olhei o tempo.”

ptf.

uma risada abafada pôde ser ouvida de algum lugar. provavelmente era isaac.

‘não era pra ele ser do tipo mais quieto?’

parece que ele largou esse conceito em algum lugar.

—

o cardápio da noite era um ensopado cheio de frutos do mar, preparado por gilbert, acompanhado de queijo e pão.

‘delicioso.’

como esperado, a comida do gilbert era sempre deliciosa, não importava quantas vezes você comesse. embora, esse não fosse o principal.

“quanto tempo vamos ficar aqui?”

a razão pela qual viemos até aqui era para investigar o ‘angel’.

mas, depois de montarmos a tenda de acampamento, com gilbert cozinhando e todos nós agora jantando, o sol já estava se pondo.

mesmo depois de todo esse tempo, não tínhamos feito nada de produtivo.

“hm, não sei.”

“você não fez um plano?”

“talvez a gente descubra isso em alguns dias?”

era uma resposta incrivelmente vaga.

e, de fato, vários dias se passaram.

acampamos por alguns dias, recolhemos mariscos e conchas do mar, pescamos e coletamos frutas, ervas e outros alimentos da floresta.

quando já havíamos explorado as áreas mais próximas e começado a explorar as partes mais profundas da floresta, algo aconteceu numa noite.

as pessoas da vila chegaram trazendo alguns alimentos e ingredientes.

‘eles parecem cansados.’

à frente estava um homem que parecia ser o chefe da vila. ele deu um passo à frente e falou.

“sinto muito que tenham ficado aqui por dias sem uma acomodação adequada, então preparamos isso para vocês.”

“ah, não era necessário, mas agradecemos. vamos aceitar de bom grado.”

mesmo dizendo que não era necessário, as mãos de nereus eram honestas. ele pegou tudo o que os habitantes da ilha trouxeram sem hesitar.

“ei, que tal comermos isso no jantar? já estamos comendo de forma bem simples há um tempo, né?”

“está dizendo que a comida que eu fiz estava simples?”

“para uma criança que está crescendo, não é o suficiente.”

os alimentos trazidos pelas pessoas de odlo incluíam salada de coco, ceviche de peixe vermelho, ganso assado crocante e pão em forma de espiral, enrolado a partir de uma longa massa.

‘isso é muita coisa.’

não conseguia entender por que estavam nos tratando com tanta generosidade. enquanto ficava lá com a boca entreaberta, gilbert, que estava examinando os ingredientes usados nos pratos, murmurou.

“peixe de carne vermelha no ceviche… isso é incomum.”

“por que, gilbert? é ruim usar esse tipo de peixe no ceviche?”

“peixe gordo geralmente não é usado. mas, acho que depende da região.”

como achou curioso, ele murmurou que iria experimentar. além de gilbert, todos os outros já estavam comendo a comida trazida pelos habitantes da ilha.

“lala~ vem aqui.”

‘ah, não, quando é que ele começou a beber de novo?’

em algum momento, o álcool foi trazido. nereus estava bebendo tudo de uma vez, usando a refeição como petiscos para acompanhar a bebida.

‘quando foi que comeram tudo isso?’

para piorar as coisas, o prato de ceviche de peixe vermelho já estava vazio antes mesmo de eu ter a chance de experimentar.

era um prato que eu nunca tinha provado antes, então olhei para o resto da tripulação com irritação. mas todos fingiram não saber de nada, fazendo de conta que não estavam envolvidos.

‘até o gilbert conseguiu comer sua parte sem que eu percebesse! como ele é dissimulado.’

ele estava conversando comigo antes, mas de alguma forma conseguiu pegar sua porção e agora estava evitando meu olhar enquanto mastigava.

“ah, minha princesa~ por que você está tão rabugenta~?”

“eles comeram tudo sem mim.”

“é por isso? minha princesa é tão gulosa.”

nereus riu e generosamente colocou ganso assado sobre um pedaço de pão, oferecendo-me.

‘não costumo comer peixe cru.’

este mundo em que vivemos é composto por várias ilhas. e assim como há muitas ilhas, também existem muitas culturas diferentes. mas, surpreendentemente, a cultura de comer peixe cru não é muito comum.

‘será que é por causa da superstição que dizia que comer peixe cru traria a ira de cormare, o deus do mar? é uma crença sem fundamento, no entanto.’

houve casos em que as pessoas ficaram doentes depois de comer peixe cru, mas isso era apenas questão de azar.

alguns tipos de peixe precisavam ser cozidos para remover toxinas, e outras vezes, intoxicação alimentar ou dor de estômago aconteciam devido à falta de frescor ou parasitas.

embora essas razões já tivessem sido identificadas, as antigas superstições persistiram por tanto tempo que muitas pessoas ainda evitavam comer peixe cru.

somente os piratas mais destemidos e imprudentes comiam sem hesitação. enquanto a marinha não acreditava na superstição, ainda evitava comer alimentos crus para prevenir qualquer acidente imprevisto.

em outras palavras, isso se tornou uma prática costumeira.

‘se não fosse por um lugar como esse, eu não teria tido a chance de provar ceviche.’

era um prato mais comum no continente oriental, onde a influência religiosa era mais fraca, em comparação com o continente ocidental. a ilha de odlo estava localizada perto do continente ocidental, mas este mundo era abençoado por cormare, o deus do mar, e deira, a deusa da terra.

portanto, através do vasto oceano, havia muitas ilhas de tamanhos e climas diversos, cada uma com seu ecossistema e cultura únicos.

os continentes oriental e ocidental eram apenas duas das divisões maiores. então, não era estranho que a ilha de odlo, localizada perto do continente ocidental, tivesse sua própria cultura alimentar única.

mas se havia algo em comum entre todas aquelas ilhas, era o uso das moedas comuns ‘wetten’ do continente ocidental e ‘rist’ do continente oriental.

no entanto, a ilha de odlo era uma das poucas ilhas que não usavam nenhuma dessas moedas comuns, tendo em vez disso sua própria moeda local.

‘isso, na verdade, é uma característica mais distintiva do que a roupa deles ou o ceviche…’

mas isso não era o que importava no momento. o importante era que o prato que havia abrigado o ceviche estava agora completamente vazio. lembro que era uma porção grande também…

‘não que eu desgoste de ganso assado.’

mas, ainda assim, ganso assado é uma coisa, e isso era outra. era um prato que eu nunca tinha provado nem antes de regredir. só podia observar enquanto minha família, rindo e bebendo, parecia completamente alheia ao que fizeram.

“ei! gil! tem mais comida aí?!”

“primeiro imediato~ aquele assado de legumes que comemos da última vez estava muito bom. você pode fazer de novo?!”

“eu como qualquer coisa que você me der!”

“vocês têm buracos sem fundo no estômago…?! tudo bem, vou dar uma olhada na floresta por um tempo, então fiquem aí!”

‘bem, pelo menos eles parecem felizes, então acho que está tudo bem.’

“dexter, aquele idiota adormeceu enquanto comia!”

“gerard! clara! levem ele para outro lugar, rápido!”

quando é que eles vão amadurecer? são uns tolos.

…embora, para ser honesta, eu não desgoste desse tipo de atmosfera.

Continua…

[NOTA: pigarreou seria tossir]